NOME PRÓPRIO

"Minha dor é interna, não curte a pele, não estraga o corpo. Mas meus olhos me delatam. A dor estava toda ali dentro, os olhos sérios negros e fundos. Dor de quem já viu tudo e não espera mais nada. De quem ficou sozinha a vida inteira, encarcerada em si mesma. De quem já viu o nada, o vazio absoluto, a ausência de cor e dor e calor e música e sentimento, já foi engolido e cuspido pelo nada incontáveis vezes, e será de novo, e de novo, e mais uma vez, até a última, quando só sobrar um caroço morto, um esqueleto sem vida. Depois de ver o nada, nada mais espera. Não é como se voce ficasse insensível ou entorpecido, nada disso. Aumenta o apetite por sentimentos, aumenta a intensidade, porque você sabe que ele pode chegar a qualquer momento, como uma nuvem, uma peste silenciosa, e acabar com tudo. A dor salva do nada. Só ela salva."



Assistam o filme "NOME PRÓPRIO". Vale a pena.

quarta-feira às 14:54

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