SUCESSO X FRACASSO

Essa é mais uma das minhas noites de insônia. Geralmente eu fico acordada porque começo a planejar o futuro, ou tenho trabalhos pra fazer que envolve minha dedicação total, minha entrega. Só que nessa noite, eu me peguei refletindo sobre tudo em que eu coloco o meu coração e a minha alma. A conclusão não foi animadora. Eu sou uma romântica num mundo de pessoas que não se importam, não se entregam, não se dedicam. Eu sou uma pessoa honesta, que se passa por canalha num mundo de canalhas que se passam por honestos. Eu sou uma trabalhadora medíocre, com “a inteligência de poucos”, num mundo onde os espertos reinam como aqueles que mandam e desmandam e nem possuem tanta inteligência assim. Dói, no fundo da alma, ser considerada medíocre, canalha, péssima, BURRA. No dia-a-dia, eu fui marcada à brasa com a seguinte inscrição: “melhor manter distante do sucesso”. Sempre que eu chego perto de me destacar, alguém puxa o meu tapete. Sempre que eu tenho uma idéia genial, minha ingenuidade a tira de mim e a entrega em uma bandeja de prata pra quem for mais esperto ou tiver mais condição financeira de executá-la. Eu vivo meus dias uma batalha por vez, entre o sol do sucesso e a tempestade do fracasso. Mas tem sempre um jeito do fracasso me passar a rasteira quando estou perto do sucesso. Não sei mais se é uma batalha que vale a pena lutar. Ouvir de quem se ama tanto que você é pequena, medíocre, canalha, é muito pior do que ser apunhalada pelas costas. É muito pior do que ser queimada viva. É pior do que qualquer coisa. Ensinar através de palavras duras: foi assim que fui educada. Só de que vez em quando, queria muito que as palavras fossem mais brandas. É isso aí. Com quase 30 anos nas minhas costas, eu só consigo pensar que pertenço mesmo ao time dos fracassados. A minha luz não basta, minha inteligência não basta, minha vontade enorme de fazer o bem não basta, meu amor incondicional não basta. O mundo é do dinheiro. É da política suja. É do malandro. É de quem passa por cima dos outros pra conseguir o que quer. O honesto, o brilhante, o inteligente não tem vez. O que se importa com os demais e pensa no próximo é atropelado violentamente pelo caminhão do “foda-se”. Vejo muita gente fazer isso ao longo do meu dia com outras pessoas. E eu, tentando ser diferente, viro a “ingênua”, de quem todo mundo ri, gargalha. É triste ser uma piada pras pessoas a essa altura da minha vida. Eu sou a imbecil de quem as hienas malandras se alimentam todos os dias. E quando eu resolvo jogar o mesmo jogo? Como eu sou vista? Como a “ingrata”, a “cruel”, a pessoa sem luz na alma e no coração. A pessoa que os demais crucificam, que tem “tanto bem pra fazer pro mundo, mas que é egoísta”. Sinceramente, não sei mais o que o mundo quer de mim em específico. Tenho uma estrada com dois caminhos. Qualquer um dos dois me leva a ser pisoteada. Pra quê percorrer um dos dois caminhos então? O caminho chamado “do meio” é o de pessoas que agem, sentem e falam de acordo com a conveniência. E eu não sou assim também. Acho que vou me sentar em uma pedra e, quando a represa da vida arrebentar, que a enxurrada me leve pra onde quiser, porque eu estou cansada de caminhar.

sexta-feira às 04:05 , 0 Comments