UM CONTO...

Estava eu num barco sem rumo. Eu navegava sem direção, sem bússola, sem norte. Implorava aos guardiões dos oceanos que me dessem asas, assim eu voaria para longe do mar de tristeza no qual eu navegava solitária. Não era atendida e tudo o que conseguia era remar em meio à tempestade de acontecimentos da vida.

Ah, a vida! Ela se encarregou que me mostrar que o destino existe. Ela deu voltas, e a roda girou em favor de um encontro especial. Asas: a liberdade tão desejada misturada á diligência carnal, de sentir meus pés em terra firme, com a certeza de que a qualquer momento eu poderia abri-las e voar através das nuvens, chegar perto do sol e atravessar continentes. Eu sonhava com o dia em que eu ganharia asas.

Enfim, um anjo que vivia no mar atendeu minhas súplicas. Ele me encontrou no pior momento, quando minha embarcação da vida não enxergava mais perspectivas, e estava prestes a afundar. Ele guardava os profundos domínios do amor, e apareceu assim, com seus olhos de um verde incomparável, e com o toque suave de suas mãos, impediu que eu me afogasse em mágoa e revolta.

O anjo me convidou a ser livre. Ele me pediu para confiar no seu amor, na aurora e na vida. Ele acariciou meus cabelos levemente, e eu me apaixonei perdidamente. Seu sorriso era a prova de que meu sentimento era imediatamente correspondido. E decidi então não aceitar mais seu presente. Queria estar ali, com ele: tive medo de não mais vê-lo.

Ele sorriu. Pediu para que eu fosse forte por nosso sentimento, que vivêssemos nossos momentos sem preocupação. Tudo o que pude enxergar foi verdade em seus olhos. E alcei então meu vôo, com asas emprestadas. Vi então um mundo lindo, de cores vibrantes, de sensações únicas. Quanto mais alto e mais longe, mais próximo eu sentia meu anjo de mim...

Certa noite, adormeci aos pés de uma grande e frondosa árvore. Sonhei com seu olhar, com seu sorriso. Senti a liberdade e entendi o sentido da confiança e meu coração inflou-se de alegria pura, imaculada. Acordei sentindo uma leve brisa. Abri meus olhos e lá estava: eu, nos braços do meu anjo. Ambos tínhamos asas e finalmente podíamos voar juntos pelo mundo.

E eu conheci a paz e o amor infinitos, a esperança e a graça que é viver a vida ao lado do meu grande amor. Nosso encontro é eterno, mas às vezes voamos em direções opostas. E quando eu volto, agradeço aos deuses por terem me tirado dos mares da angústia e me elevarem em direção ao infinito. Ao amor infinito.

segunda-feira às 19:37

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